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Médico baiano cruza deserto e leva 46h para voltar ao Brasil em meio à guerra em Israel

Ícaro Barros desembarcou em São Paulo, onde mora atualmente, após fazer percurso de ônibus e pegar três voos. Agora, ele planeja ida à Bahia para reencont...

Médico baiano cruza deserto e leva 46h para voltar ao Brasil em meio à guerra em Israel
Médico baiano cruza deserto e leva 46h para voltar ao Brasil em meio à guerra em Israel (Foto: Reprodução)

Ícaro Barros desembarcou em São Paulo, onde mora atualmente, após fazer percurso de ônibus e pegar três voos. Agora, ele planeja ida à Bahia para reencontrar a mãe, que estava aflita com a situação. Médico baiano impedido de deixar Israel durante a guerra detalha retorno ao Brasil O médico baiano que ficou impedido de deixar Israel em meio aos perigos de viajar durante a guerra entre o país e o Irã conseguiu voltar ao Brasil, depois de 10 dias convivendo com o conflito. Ícaro Barros desembarcou em São Paulo (SP), onde mora atualmente, na terça-feira (24), após 46 horas de deslocamento. Em entrevista ao g1, na quarta (25), ele revelou os detalhes do retorno, que incluiu a passagem de ônibus por um deserto e três voos. De Tel Aviv, onde estava abrigado, o baiano seguiu para a cidade de Eilat e, depois, para a Jordânia — assim como feito pelos 27 prefeitos que estavam em Israel quando o confronto começou. Após chegar no município, Ícaro seguiu para a Grécia, onde embarcou para a Itália e, enfim, para o Brasil. Conforme o relato, a viagem começou no domingo (22), dois dias antes de Israel e Irã anunciarem trégua. Por isso, os riscos eram grandes e orientações de segurança foram repassadas ao médico. "Foi muito tenso o trajeto até a cidade de Eilat para atravessar a fronteira com a Jordânia, pois estava no deserto de Negev e, caso houvesse algum bombardeio, não havia local protegido. A orientação, no caso de um ataque na região, era se afastar do ônibus o máximo possível, deitar no chão e tapar os ouvidos. Ainda bem que não foi preciso". Médico baiano impedido de deixar Israel durante a guerra detalha retorno ao Brasil Arquivo Pessoal Em casa e seguro, Ícaro destacou a receptividade dos amigos ao desembarcar na capital paulista, e comemorou a retomada da rotina. A volta ao trabalho aconteceu ainda na quarta-feira, pois ele precisava dar conta das demandas atrasadas. Segundo o médico, o dia foi de agenda cheia no consultório e também no centro cirúrgico onde atua. "Foi muito bom receber o apoio e os abraços de muitas pessoas queridas. Quando eu decidi ir para Israel, não era esse o cenário. Mesmo para os israelenses, foi um episódio inédito e todos estavam muito preocupados. Ainda estou processando tudo que passei, sobretudo ver tão de perto esse cenário de guerra". Após ter vivido dias de tensão, o baiano vibrou com a trégua declarada pelos países. As nações firmaram um cessar-fogo, com ajuda dos Estados Unidos e do Catar. "Fiquei muito aliviado por saber do fim do conflito. Tenho muitos amigos queridos, pessoas que amo muito, e há sofrimento em ambos os lados em uma guerra. Espero que seja o início de um caminho de paz e convivência harmoniosa na região", destacou. Anakláudia Barros e o filho Ícaro Barros Reprodução/Redes Sociais Agora, Ícaro planeja visitar a mãe, que mora na cidade de Itaberaba, na Chapada Diamantina. Aflita com a situação do filho, a enfermeira Anakláudia Barros estava empenhada em vê-lo de volta ao Brasil. "Foram dias terríveis, dias sem dormir, dias amparada pela energia positiva de muitos amigos, da família, de pessoas conhecidas, de pessoas que eu não conhecia. Principalmente quando os Estados Unidos atacaram o Irã e ele [Ícaro] estava em trânsito. Isso me desesperou demais", contou a baiana. A enfermeira contou com a tecnologia para amenizar a preocupação durante a espera. "A minha sorte foi que ele me mandou a localização, aí eu fui acompanhando e, ao longo do percurso, [fui] tirando print da tela, porque se alguma coisa acontecesse, teria um ponto de partida para a gente procurar. Estava sujeito a qualquer coisa", detalhou. Dias de tensão Médico brasileiro relembrou início dos ataques a Israel durante festa Reprodução/Redes Sociais Em entrevista concedida ao g1 na última semana, Ícaro Barros contou que estava em uma festa, na madrugada de 13 de junho — noite do dia 12 no horário de Brasília —, quando os primeiros ataques começaram. Na ocasião, os celulares apitaram, alertando para o perigo. "Soou um alarme muito alto no meu celular. Estava escrito “Extreme Alert” e um texto em hebraico. Como meu hebraico não é muito bom, fui pedir ajuda para tentar entender o que estava escrito. Quando vi, mais de 500 pessoas estavam correndo para a rua, gritando, ligando para familiares, indo para os seus carros. Foi assustador", resumiu. O baiano pontuou que ficou sem saber o que fazer por um tempo, até que um amigo ligou e avisou que iria resgatá-lo. Depois disso, ele passou a morar em um imóvel, em Tel Aviv, com um bunker para casos de bombardeios. Além da guerra, a incerteza com o retorno ao Brasil assustava o médico. LEIA MAIS: Abrigos e notícias de bombardeios via app: músico brasileiro descreve momentos de tensão em meio ao conflito entre Irã e Israel Acompanhe em tempo real as notícias da guerra entre Irã e Israel Itamaraty avalia reforçar alerta para que brasileiros não viajem para Israel e outras regiões de conflito Mãe de médico baiano impedido de deixar Israel em meio a bombardeios relata desespero Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻